Pode-se dizer que “notícia” e “factoide” são dois conceitos em jornalismo. O primeiro está entrelaçado a credibilidade e o segundo ao boato. Daqui já se pode perceber, ainda que de forma sutil, o que é uma coisa e o que é a outra.
A notícia é aquele texto feito geralmente por um jornalista que, por sua vez, utiliza-se da técnica para escreve-la. O jornalista recorre ao lide, uma porção de perguntas que o ajudarão a apurar e, em seguida, escrever a notícia.
Por exemplo, tente apurar o último acontecimento importante da sua vida fazendo as perguntinhas do lide, a seguir:
- O quê?
- Quem?
- Quando?
- Onde?
- Como?
- Por quê?
- E daí?
Assim que obtiver as respostas, elas poderão ser agrupadas num texto. Esse texto será lapidado pelo jornalista de maneira que as informações mais importantes ficarão no topo da matéria e as menos importantes no fim.
Fazendo isso, ter-se-á meio caminho andado para uma notícia. Isso porque para ser uma notícia, o fato tem que ter realmente acontecido e as fontes entrevistadas pelo jornalista serão a prova disso.
Logo, o jornalista precisa fazer uma apuração perfeita ou quase perfeita. E a redação não pode conter erros graves como a troca de um personagem pelo outro, mudanças nas falas dos entrevistados, invenções para completar o texto, entre outras coisas. Se isso ocorrer, o texto deixa de ser notícia e passa a se tornar um factoide.
Um factoide é uma “notícia inventada”, uma coisa que não aconteceu mas vazou para a mídia como notícia real. Nesse sentido, o factoide pode ocorrer por falta de atenção do jornalista ou de propósito.
Factoides propositais ocorrem com muita frequência durante eleições. Os candidatos inventam notícias ruis a respeito dos demais candidatos e boas notícias a respeito deles mesmos com o objetivo de ganhar o voto.
É comum que factoides ocorram em períodos de guerra, já que o jogo de mentiras nessas situações faz parte da estratégia para vencer os inimigos.
Na Revista ESPM de outubro de 2010, o jornalista Alberto Dines diz o seguinte a respeito do assunto:
“O Sete de Setembro foi o que hoje classificaríamos de factoide, fato construído três anos depois (1826), aliás, com grande habilidade e sofisticação, graças ao talento de José Bonifácio".”
E assim, por conta de um factoide, nós brasileiros comemoramos a independência em relação ao domínio de Portugal no dia sete de setembro.
Já quando um jornalista apura mal a noticia, quando confia demais numa fonte manipuladora e, principalmente, não checa aquilo que apurou ou escreveu, está correndo um grande risco de gerar um factoide.
Portanto, notícia é credibilidade, e esse é um dos motivos pelos quais os jornalistas passam anos estudando numa faculdade. O resto é factoide, boato, invencionice.
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